quarta-feira, 27 de setembro de 2017

PM investe em abordagens na formação de soldados

Militares estão em estágio até o próximo domingo

Orientação é intensificar abordagens / Bobby Fabisak/JC Imagem
Orientação é intensificar abordagens
Bobby Fabisak/JC Imagem
JC Online

Para aumentar a ostensividade da Polícia Militar e tentar dar uma resposta ao clima geral de insegurança, o comando da corporação investiu em um novo direcionamento na formação dos 1.448 policiais que, desde o último dia 21, estão nas ruas do Estado. Uma das tônicas do curso que durou oito meses – teve início em fevereiro – foi a técnica de abordagens. A ideia é estimular a proatividade dos militares.
É fácil identificar a nova turma pelas ruas do Grande Recife. Estão em duplas, trios e quartetos, sempre com bonés de cor laranja. Até o próximo domingo estarão cumprindo estágio supervisionado de dez dias, que poderá ser renovado por mais dez.
Também é comum vê-los realizando abordagens nos principais corredores, seja a pedestres ou condutores de motocicletas ou carros. Em dois dias, a reportagem observou cinco casos em pontos diferentes do Recife. Em um deles, na manhã de ontem, na Rua Padre Lemos, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte, um jovem foi pego com uma pequena quantidade de maconha. Foi conduzido para assinatura de Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e liberado em seguida.

NÚMEROS

Os novos policiais chegam às ruas em um momento crítico da segurança no Estado, quando os índices de homicídios e roubos assustam a população. Pernambuco pode fechar o ano, pela primeira vez na história, atingindo a marca de 5 mil assassinatos – já são 3.735 entre janeiro e agosto.

A missão de formar a nova geração de PMs foi conferida ao coronel Walter Benjamin, de perfil operacional e com passagens pelos comandos das maiores unidades especializadas da corporação, como a antiga Companhia Independente de Operações Especiais (Cioe, hoje Bope), Batalhão de Choque e Radiopatrulha. Benjamin também serviu nas Forças de Paz da ONU, em 1993, na antiga Iugoslávia.
“Além de tudo que já é ensinado na grade curricular, direcionamos a turma para maior eficiência nas abordagens, além da compreensão dos valores militares”, explica o coronel. Segundo ele, os policiais foram orientados sobre como se dirigir corretamente às pessoas. “Fizemos questão de deixar claro que eles deveriam abordar da mesma forma que gostariam de ser abordados e, se antes de entrarem na PM, reclamavam da segurança, a partir de agora têm um compromisso com ela”.
Cerca de 60% dos novos PMs têm curso superior completo ou incompleto, alguns até com mestrado e doutorado. “É muito bom ter pessoas com essa qualificação na Polícia. Mas, uma vez vestindo a farda, não tem ninguém melhor que o outro”, completa.
Para o coordenador do Movimento PE de Paz, Tales Ferreira, a questão não passa apenas pelo aumento do número de PMs nas ruas. Segundo ele, os novos policiais devem ter como foco não a abordagem com o fim de apreensão de drogas mas para que evitem mais homicídios em Pernambuco. “Há um grupo mais atingido por essa crise de violência: pessoas invisíveis para políticas públicas e outras oportunidades”. Para Ferreira, o governo estadual e os municípios precisam implementar programas de prevenção da violência de forma sistemática e constante.

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