Recife tem índice de chuva quatro vezes maior que em 2016
Apac diz que índice é normal, apesar de estar acima da média histórica.
Chuvas deixaram várias ruas alagadas no Grande Recife
Leo Mota/JC Imagem
Cidades
O Recife já acumula 441 milímetros de chuva no mês de julho, número quatro vezes maior que em 2016, segundo a Defesa Civil. Somente ontem, as precipitações chegaram a 75 milímetros, causando grandes transtornos aos recifenses e levando a prefeitura a dar novo alerta para moradores de área de risco saírem de casa. Apesar da média histórica do município no período ser de 385 milímetros, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) considera o índice normal.
Ontem, a Defesa Civil da cidade recebeu 75 chamados de vistoria e colocação de lona. Três árvores caíram e 23 semáforos apresentaram defeito. “Com exceção da Mata Sul, a chuva está dentro da normalidade. A gente estranha porque nos últimos três anos vinha chovendo muito pouco”, avalia o coordenador da Apac, Patrice Oliveira. O órgão só considera um índice acima da média quando ele é 20% maior que o histórico.
No Grande Recife, os transtornos foram vistos em vários municípios. Ruas alagadas, carros estancados, vento forte arrastando sombrinhas e placas. Em Olinda, a Avenida Presidente Kennedy voltou a virar um rio. Em Jaboatão, um deslizamento de terra levou o metrô a interditar a linha de VLT Cajueiro Seco/Curado e uma ambulância com um paciente caiu num buraco e ficou ilhada.
Mas o município que mais acumulou chuvas até agora na região foi o Cabo de Santo Agostinho, que tem uma média histórica de 284,2 milímetros e já recebeu 572,2 milímetros. Logo em seguida vem Ipojuca (541,8 milímetros) e Jaboatão (455 milímetros). Os índices são altos, mas a Apac faz a contabilidade da região como um todo.
AGRESTE
“No Agreste, foram seis anos abaixo da média, a região teve um ganho excepcional nos últimos meses, serviu para aliviar a população, mas um ano normal não vai recuperar o déficit que existe. Precisamos de pelo menos três anos de chuvas normais ou acima da média para isso”, afirma Patrice.
Na região, as chuvas melhoraram índices de pequenos mananciais, reduzindo o racionamento em cidades como Gravatá (de 15 para oito dias) e Brejo da Madre de Deus (de 28 para quatro). Mas a seca persiste. Ainda nesta sexta o Estado decretou situação de emergência em 62 municípios (eram 56).
Na Mata Sul, Sirinhaém se destaca com o acúmulo de 741 milímetros, quando sua média é de 321,7 milímetros. Amaraji vem logo atrás, com 610 milímetros e Escada, com 536. No Agreste, o município de Bonito apresenta um índice pluviométrico de 670,5 milímetros, bem acima da média histórica de 134 milímetros. Em seguida vem Correntes, com 447 milímetros e Palmeirina, com 425,1.
Apesar de cidades sertanejas apresentarem índices bem acima da média, a Apac não vê grandes ganhos para a região. “Julho já é época seca no Sertão, portanto as médias são muito baixas. São chuvas localizadas, que não enchem açudes, apenas deixam as plantas mais verdes”, observa o meteorologista Roberto Pereira.
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