domingo, 16 de setembro de 2018

Pernambuco sofre mais impacto da crise argentina do que País

De todas as exportações do Estado, 40% seguem para a Argentina

Exportações do Polo Automotivo de Goiana registraram queda de 7% ao longo do ano / Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Exportações do Polo Automotivo de Goiana registraram queda de 7% ao longo do ano
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Adriana Guarda
No comércio internacional, Pernambuco sente os impactos da crise argentina em maior medida que o Brasil. Nos oito primeiros meses do ano, enquanto o país vizinho respondeu por 7,28% das exportações brasileiras, no Estado essa fatia é de 40,9%. O cenário de recessão, juros altos, redução do consumo, inflação em escalada e taxação das importações pode significar portas fechadas aos produtos brasileiros. Dependente do mercado argentino, o setor automotivo foi um dos primeiros a sentir os reflexos da tormenta. Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) apontam uma queda de 22,4% entre maio (quando os embarques começaram a minguar) e agosto, encolhendo de US$ 2,4 bilhões para US$ 1,8 bilhão.


Com produção voltada para atender o mercado nacional e a América Latina, o Polo Automotivo Jeep, no município de Goiana, foi atingido pela desaceleração argentina. De acordo com a Fiat Chrysler Automóveis (FCA), o cenário econômico adverso no País provocou uma redução de 7% nas exportações ao longo de 2018, gerando a necessidade de ajustar a produção à demanda. Durante um período de 15 dias (entre 30 de agosto e a última quinta-feira), a Jeep deu férias coletiva aos funcionários da área de produção. Ainda segundo a montadora, as atividades foram retomadas nos três turnos de produção.

PERFIL

“Ao longo da história, Pernambuco sempre teve um perfil mais importador do que exportador por conta da sua condição de entreposto comercial, mas nos últimos anos as vendas externas vinham crescendo e registrando recorde graças a vários fatores, sobretudo a montadora da Jeep. Nos últimos três anos, a Argentina assumiu o ranking do destino das exportações, superando os Estados Unidos, num movimento que coincide com o início da operação da Jeep em Goiana”, observa o gerente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Maurício Laranjeira.
A Argentina também era um mercado atrativo para o Brasil porque oferecia condições de crédito favoráveis ao consumidor, mas isso mudou com a necessidade do Banco Central argentino subir a taxa básica de juros, que saiu da casa dos 28% para atuais 40% ao ano. Com a mudança de cenário, as montadoras brasileiras estão revendo o plano de repetir a tendência de recorde nas vendas percebida no ano passado. Em 2017 as vendas para os hermanos contabilizaram 1 milhão de veículos e a expectativa para este ano é fechar abaixo das 900 mil unidades.

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