Arco Metropolitano e Miniarco não saíram do papel
Rodovias serviriam para atender ao crescimento do polo industrial da Zona da Mata Norte de Pernambuco
Montadora da Jeep, em Goiana, fabrica mais de 900 carros por dia e precisa escoar a produção
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Adriana Guarda
Da porta para dentro, a fábrica da Jeep em Pernambuco é modelo de eficiência: a planta mais moderna da Fiat Chysler Automobiles (FCA) no mundo. Da porta para fora, depara-se com o gargalo logístico dos transportes. Nos últimos anos, a Zona da Mata Norte foi alçada a um dos principais polos industriais do Estado, mas os investimentos em infraestrutura não acompanharam o ritmo de crescimento. Há exatamente dez anos, a região aguarda a implantação do Arco Metropolitano, uma via expressa com investimento de R$ 1 bilhão que ligaria o Norte ao Sul (de Paudalho até o Cabo de Santo Agostinho), permitindo conexão com o Complexo de Suape.
Como o Arco Metropolitano não saiu do papel, o governo de Pernambuco tentou viabilizar uma “versão pocket” do projeto, apelidada de Miniarco. A proposta era tentar atacar os pontos mais críticos do tráfego na região, com uma via alternativa entre Abreu e Lima e Igarassu. A rodovia teria 14,4 quilômetros de extensão e seria bancada com investimento de R$ 160 milhões da iniciativa privada e R$ 20 milhões de contrapartida do governo estadual em desapropriações.
Mas a alternativa também teve seus percalços e está paralisada. “Três consórcios se interessaram em realizar estudos de viabilidade do Miniarco para depois construir a via, mas apenas um deu prosseguimento. Em julho deste ano, alegando falta de recursos e dificuldade de captar financiamento, o consórcio cearense Assist-Comol suspendeu os estudos. Tudo agora é uma questão financeira e de definição do momento político para que as empresas concluam os trabalhos”, diz o gerente geral de projetos da Secretaria de Transportes de Pernambuco, Luiz Alberto de Araújo.
O anteprojeto do Arco Metropolitano realizado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) aponta que o tráfego na região é de 48 mil veículos por dia, com taxa de crescimento estimada em 4,5% ao ano. O Arco e o Miniarco seriam alternativas para desafogar o trânsito em uma região que conta não só com o Polo Automotivo de Goiana, mas com a fábrica da Hemobrás e o Polo Vidreiro. Estudos de engenharia de tráfego mostram que uma via precisa ser duplicada quando tem movimento superior a 10 mil veículos por dia. Só a movimentação do Polo Automotivo já justifica a necessidade da obra viária. Em 2017, a montadora produziu 179 mil veículos. Desse total, 80 mil unidades (45%) foram exportadas pelo Complexo de Suape para o mercado latino-americano. Para chegar ao porto, os carros enfrentam um percurso de 55 quilômetros entre Goiana e Ipojuca, que parece ter o dobro da distância em função do trânsito engasgado.
UMA DÉCADA
O projeto do Arco Metropolitano foi idealizado em 2008 pelo governo Eduardo Campos, que pensava em viabilizar a obra por meio de PPP. Depois, durante a gestão Dilma Rousseff, o governo federal se arvorou a fazer o Arco com recurso próprio, mas não teve fôlego e tentou oferecer o projeto em concessão para a iniciativa privada. Em abril de 2015, foi realizado um chamamento público, mas não houve interessados. Além de o País já ter mergulhado na crise, o projeto também enfrentou entraves ambientais e de desapropriações de terras, deixando os investidores inseguros.
Procurado pelo JC, o Dnit se limitou a informar que o Arco está incluído no Programa de Investimentos em Logística (PIL) do governo federal para concessões rodoviárias, mas não disse se há previsão de quando entrará na lista de licitações. O Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também foram procurados, mas não responderam aos questionamentos da reportagem.
Com nova fase lançada em junho deste ano, o PIL projeta investimento de R$ 198,4 bilhões para portos, rodovias, ferrovias e aeroportos. Só as concessões rodoviárias somariam R$ 66,1 bilhões, mas não avançaram.
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