domingo, 16 de setembro de 2018

17 candidatos a deputado federal já receberam mais de R$ 1 milhão para a campanha deste ano

Os candidatos à Câmara podem receber até R$ 2,5 milhões

O candidato a deputado federal Rodrigo Patriota (PSOL) iniciou a sua campanha com uma doação de R$ 500 do partido  / Foto: Leo Mota/JC Imagem
O candidato a deputado federal Rodrigo Patriota (PSOL) iniciou a sua campanha com uma doação de R$ 500 do partido
Foto: Leo Mota/JC Imagem
Angela Fernanda Belfort

Um time de 17 candidatos a deputado federal em Pernambuco já receberam mais de R$ 1 milhão, cada um, para gastar nas suas campanhas eleitorais deste ano, segundo o banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Juntos, eles contabilizaram o recebimento de R$ 20,7 milhões. Esse seleto grupo é formado por 13 deputados federais que tentam a reeleição, incluindo o ex-ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (DEM), e também dois candidatos que disputam um mandato federal pela primeira vez com sobrenome que explicam o aporte de gastos dos seus respectivos partidos: Marília Arraes (PT), neta do ex-governador Miguel Arraes, e João Campos (PSB), bisneto de Arraes e filho do ex-governador Eduardo Campos. Esses recursos são oriundos principalmente do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário (com recursos bancados pelo contribuinte) e de doações de pessoas físicas. 


O limite máximo que um candidato a deputado federal poderá gastar nesta campanha é de R$ 2,5 milhões, pela legislação vigente. No entanto, este ano grande parte da campanha está sendo bancada como o pagamento dos impostos de todos os brasileiros. Ou seja, todos os brasileiros estão pagando, literalmente, a atual campanha eleitoral. As pessoas físicas também podem fazer doações desde que não exceda 10% dos seus rendimentos.
Entre os candidatos que vão disputar uma vaga na Câmara em Pernambuco, o campeão no recebimento dos recursos é o deputado federal Fernando Monteiro (PP), que recebeu R$ 1,9 milhão, de acordo com o site do TSE. Desse total, R$ 1,8 milhão – que corresponde a 94,76% – do seu partido e R$ 100 mil (5,24% do total) doados pelo empresário Rubens Ometto Silveira Mello, dono de uma das maiores distribuidoras de combustível do País, a Cosan Lubrificantes. “A minha intenção é gastar o que é permitido por lei, se conseguir arrecadar. É um valor razoável por causa do tamanho da campanha e do Estado. Não acho certo ser recursos do contribuinte, mas é a regra do jogo”, afirma Monteiro, que defende a doação de empresas com limites para bancar as campanhas eleitorais. Ele argumenta que os recursos da campanha são gastos com material gráfico, pesquisas, aluguel de carro, remuneração da equipe, entre outras despesas.
“Esse modelo precisa ser aprimorado e as campanhas ficarem mais baratas. É preciso diminuir a influência do poder econômico nas campanhas”, diz o deputado federal Tadeu Alencar (PSB), que já recebeu R$ 1,3 milhão, de acordo com o TSE.
Entre os 15 que mais receberam recursos, Fernando Coelho Filho foi o que mais recebeu doações de pessoas físicas que totalizaram R$ 565 mil. Os R$ 840 mil restantes foram doações do seu partido. Entre os doadores do ex-ministro o empresário Rubens Ometto que fez um aporte de R$ 50 mil. Fernando Filho informou, via WhatsApp, que todas as doações recebidas estão em acordo com a legislação eleitoral. Rubens Ometto é um dos grandes financiadores dessa campanha e doou R$ 3,6 milhões a 28 candidatos, de acordo com dados do TSE. 

“Os gastos serão transparentes e tudo dentro da lei”, afirma o deputado federal Felipe Carreras, um dos que mais receberam recursos no PSB. A concentração de recursos em alguns candidatos é uma aposta dos partidos naqueles que devem ter mais votos. 
Além dos 15 que estão na lista dos que mais receberam, os candidatos Marília Arraes e André de Paula também receberam, respectivamente, R$ 1,1 milhão e R$ 1,06 milhão, ocupando respectivamente o 16º e 17º lugar entre os que mais receberam. Os demais candidatos receberam abaixo de R$ 1 milhão. A reportagem do JC contactou as assessorias de João Campos, que não retornou até o fechamento desta edição. Já a assessoria de Marília Arraes disse que a candidata recebeu os recursos dentro de um pacote de valores definido pela executiva nacional do seu partido para os candidatos que já têm mandato.

 MENOR VALOR

O enfermeiro Rodrigo Patriota (PSOL) – que está disputando a eleição como Rodrigo Enfermeiro - recebeu R$ 500 do seu partido para fazer a sua campanha, segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Minha tia me deu R$ 1 mil e arrecadei R$ 560 numa vaquinha virtual feita com a finalidade de pegar doações para a campanha”, diz ele, que também contou com o apoio institucional da legenda que ofereceu 25 mil santinhos, 5 mil panfletos, 2,5 mil adesivos praguinha e um comitê coletivo.
Nos cálculos dele, a campanha ideal gastaria R$ 20 mil com um carro alugado durante o período, mais combustível, hospedagem, alimentação e um assessor “para filmar e fotografar”. Como não tem esse dinheiro, ele mesmo grava os vídeos, faz foto e posta as filmagens no You Tube. “A minha candidatura surgiu da vontade de ter vozes que nos representem”, conta. No site do TSE, Rodrigo foi o que recebeu o menor valor, entre os candidatos a deputado federal em Pernambuco. 
Dos 358 candidatos a deputado federal no Estado, 99 foram contemplados com recursos. Quase 200 não receberam qualquer verba. Todos os valores citados foram até a última quinta-feira. Os valores são atualizados constantemente no site do TSE. “Os candidatos que não receberam podem ser fantasmas ou estão irregulares, porque não declararam à Justiça Eleitoral. Os partidos lançam candidaturas que não são competitivas para marcar posição”, resume o cientista político e coordenador do Transparência Partidária, Marcelo Issa. Para ele, o atual teto de gastos para uma campanha de deputado federal é alto e poderia ser reduzido, se a legislação fosse mudada

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