Empresários do polo vidreiro, em Goiana, investem de olho na retomada da economia
Este ano, empresários esperam voltar a crescer. Crise atrasou implantação de empresas no polo vidreiro
Vivix tem capacidade para processar 900 toneladas de vidro por dia. É o coração do polo vidreiro
Foto: Felipe Feca/Divulgação
BIANCA BION
btrajano@jc.com.br
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O forno da Vivix é o coração do polo vidreiro de Goiana, no Grande Recife. Lá, a mistura da composição de matérias primas do vidro, como a sílica (extraída da areia), calcário e barrilha, é fundida a uma temperatura de 1,6 mil graus celsius. Em um processo minucioso, tem capacidade de processar 900 toneladas por dia. Esta é apenas a primeira etapa da cadeia de vidro plano, que depois é beneficiado e usado em áreas como a construção civil e indústria moveleira.
Em operação desde 2014, a Vivix viu a crise adiar a implantação de outras empresas no polo vidreiro de Goiana. Pelo menos duas desistiram do negócio. Para este ano, o tom é de otimismo em relação à aceleração das obras de quatro empresas no polo vidreiro, que reúne investimentos na ordem de R$ 1,13 bilhão e vai gerar 819 empregos quando estiver em pleno funcionamento, segundo a AD Diper.
Somente a Vivix investiu mais de R$ 1 bilhão para a construção da fábrica, que é a única no Norte e Nordeste do Brasil. O presidente da empresa, Paulo Drummond, estima crescimento de até 10% este ano, depois de um 2017 estável. “Vamos investir aproximadamente R$ 20 milhões que vão contemplar instrumentos adicionais para aumentar a capacidade produtiva em até 7%. Queremos nos preparar para a retomada, que já se percebe em 2018”, afirma Drummond. A Vivix trabalha com 200 clientes por mês. Cerca de 5% da produção é destinada aos Estados Unidos, Argentina, Colômbia, Paraguai, Portugal e Angola. Em dois anos, espera destinar até 10% da produção para exportação.
A empresa fornece vidro para as indústrias processadoras, que são responsáveis por beneficiá-lo. É nessa categoria que se encaixam as outras quatro empresas que estão se instalando no polo. Em 2015, antes mesmo de chegar, pelo menos três já previam expansão das fábricas com a chegada em Goiana, mas seguraram os investimentos devido à crise na construção civil, um dos principais clientes. Segundo a Condepe/Fidem, a produção da construção civil em Pernambuco caiu 6,5% em 2017.
Além da Vivix, a única empresa instalada na região é a Pórtico Esquadrias, especializada em fachadas de vidro, instalação de esquadrias e revestimento de alumínio. A crise atrasou a implantação em um ano e meio, mas a Pórtico conseguiu se instalar no fim do ano passado. Mal chegou e já está tocando uma expansão que será concluída até o fim deste ano. No total, o investimento previsto é de R$ 6 milhões.
“Nós temos três fábricas em Gravatá, Recife e Igarassu, fora Goiana. Ao longo de 2018 e 2019, vamos migrar para o polo vidreiro. O projeto prevê área construída de 11 mil metros quadrados. Vamos facilitar a logística”, afirma o diretor comercial da Pórtico, Gustavo Jardim. Também haverá investimentos de R$ 1,2 milhão em capacitação e R$ 4,3 milhões em máquinas.
Os empreendimentos agora estão com pressa para concluir a instalação para não perder oportunidades. A Intervidro promete acelerar as obras. O objetivo é iniciar a operação até o início do próximo ano com investimento de R$ 6 milhões. A ideia é realizar expansões a cada dois anos, até atingir o tamanho total de dez mil metros quadrados de área construída.
“Já notamos um aumento de 25% nas vendas no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Em Goiana, vamos ampliar o leque de produtos”, diz o presidente da Intervidro, Bruno Maçães.
A Sanvidro possui dois galpões em pé, mas ainda faltam ajustes a serem feitos. Hoje, a empresa trabalha com beneficiamento de vidro e produção de peças em inox. No futuro, planeja ampliar a fábrica em Goiana para apostar na linha de alumínio. O investimento total é de cerca de R$ 12 milhões. A expectativa é se mudar para a unidade, no máximo, até o fim do próximo ano. “Tem que ficar mais otimista este ano”, diz um dos donos da Sanvidro, Matheus dos Santos.
MINIARCO
Um ponto que prejudica a competitividade das empresas do polo vidreiro e outros empreendimentos em Goiana, como os polos automotivo e farmacoquímico, é a infraestrutura. O Arco Metropolitano, uma obra importante para desafogar o trânsito na BR-101, ficou no papel. Agora, as apostas se concentram no miniarco, que conecta Paulista a Igarassu, também no Grande Recife. Das quatro empresas que estavam fazendo estudos de viabilidade no ano passado, apenas uma continua com a avaliação.
De acordo com a Secretaria de Transportes do Estado (Setra), o consórcio formado pelas empresas Assist Consultores Associados Ltda, Comol - Construções e Conulotoria Moreira Lima Ltda, Albino Sociedade de Advogados e BF Capital Assessoria em Operações Financeiras Ltda pediu para estender o prazo de entrega do estudo para o fim de abril. Após esta fase, o governo tem mais 60 dias para dar aval à proposta feita pelo consórcio e entre 90 e 120 dias para concluir a licitação, o que compreende pelo menos mais seis meses para iniciar as obras, se um parceiro privado aparecer.
A proposta do governo prevê uma estrada de 14,4 quilômetros de extensão pelo valor de R$ 160 milhões. O prazo previsto de duração da obra é de 24 meses. Porém, tudo pode mudar de acordo com a análise feita pelo consórcio.
“O que nós avançamos na sugestão do traçado é a concessão de espaço em loteamentos por onde o miniarco deve passar. Também conseguimos termos de referência para licenciamento ambiental e a parque arqueológica. Nós achamos que é um traçado viável, mas pode ser que a empresa faça outra avaliação”, afirma o gerente geral de Projetos da Setra, Luiz Alberto de Araújo. Outro complemento do miniarco é a requalificação da BR-101, orçada em R$ 200 milhões e com previsão de ser concluída no fim deste ano.
De acordo com o presidente da Vivix, Paulo Drummond, o miniarco é uma alternativa. “O miniarco vai ser feito em um tempo mais curto e pode nos ajudar a vencer ou minimizar a dificuldade logística daqui para o Sul”, afirma.
VITÓRIA
Em relação à infraestrutura, uma vitória do polo vidreiro é o acesso viário, que tem cerca de um quilômetro de extensão. De acordo com a AD Diper, a previsão é que a obra seja finalizada em maio deste ano.
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