quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Pernambuco tem desempenho ruim em leitura, escrita e matemática

Resultado da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) releva que 70% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental tiveram resultado insuficiente em leitura

Para motivar seus alunos e despertar o interesse deles por leitura, a professora Elisama Viegas usa música, vídeos e brincadeiras.  / Foto: Guga Matos /  JC Imagem
Para motivar seus alunos e despertar o interesse deles por leitura, a professora Elisama Viegas usa música, vídeos e brincadeiras.
Foto: Guga Matos / JC Imagem
Margarida Azevedo*
Sete de cada 10 estudantes pernambucanos do 3º ano do ensino fundamental, da rede pública de ensino, têm desempenho considerado insuficiente em leitura, segundo a Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), realizada em 2016 pelo Ministério da Educação (MEC). Significa que eles não conseguem, por exemplo, identificar informações explícitas localizadas no meio ou no final de um texto. O Estado tem 70,62% dos alunos nos dois níveis mais fracos. Nacionalmente, o percentual de estudantes com esse resultado é de 54,7%. Para tentar reverter esse quadro, o governo federal apresentou ontem ações da Política Nacional de Alfabetização.
A avaliação observa os conhecimentos também em escrita e matemática. Pernambuco tem pouco mais da metade dos alunos (52,82%) nos três níveis tidos como insuficientes na escrita. No País, o índice é de 33,85%. Ou seja, um terço dos estudantes brasileiros não escreve corretamente palavras com diferentes estruturas silábicas, como professor ou lousa.
Quando se observam os indicadores em matemática, o resultado do Estado também não é bom: 68,97% das crianças estão nos dois níveis identificados como insatisfatórios. No Brasil, o percentual é de 54,46%. Na prática, isso quer dizer, por exemplo, que uma das tarefas que eles não conseguem realizar é uma conta de subtração envolvendo números naturais maiores ou iguais a cem.
Considerando o aprendizado suficiente, a última ANA revela que houve uma pequena melhora no resultado do Estado em leitura e em matemática, comparado com o desempenho de 2014. No primeiro caso, passou de 27,7% dos alunos em 2014 para 29,4% no ano passado. Em matemática eram 29% dos estudantes nos níveis satisfatórios. Em 2016, subiu para 31%. Não é possível comparar os índices em escrita porque, conforme o MEC, houve mudanças metodológicas entre 2014 e 2016.
Mais de 2 milhões de alunos participaram da avaliação, realizada em novembro de 2016. Quase 90% dos estudantes tinham 8 anos ou mais no momento da aplicação dos testes. Em Pernambuco, segundo levantamento do Movimento Todos pela Educação, 98% das matrículas da rede pública nos três primeiros anos do ensino fundamental são em escolas municipais. Os outros 2% são em colégios estaduais.

PREOCUPAÇÃO

“Os resultados da última edição da ANA são imprescindíveis para discutirmos, às portas de mais um ano eleitoral, a gravidade de termos 54,7% das crianças com nível insuficiente de proficiência em leitura ao fim do 3º ano do ensino fundamental, quando grande parte dos alunos já está com 9 anos”, destacou o Todos pela Educação, em nota.
“Isso significa que elas estão partindo para o 4º ano sem conseguir, por exemplo, identificar relações simples de causa e consequência em pequenos textos. São crianças que já apresentam, de saída, um comprometimento da vida escolar e, consequentemente, de uma vida plena, autônoma e cidadã”, complementa o movimento.
Professora há 15 anos, Elisama Viegas, 33 anos, vivencia diariamente o desafio de alfabetizar crianças na Escola Municipal Margarida Siqueira Pessoa, localizada na Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife.
“Uma das dificuldades é envolver as famílias. Poucos pais acompanham a rotina dos filhos. Para estimular meus alunos, uso vídeos, brincadeiras, música. Procuro despertar neles a vontade de ler e escrever. Também ensino o conteúdo de maneira interdisciplinar”, afirma Elisama, que leciona duas turmas do 1º ano do ensino fundamental. Outro problema a ser vencido, diz a docente, é dispor de recursos básicos como papel, para desempenhar as atividades em sala de aula.

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