Terrorismo
Suspeito-chave de atentados de Paris diz não se envergonhar
AFP
Atentados de Paris deixaram mais de 130 mortos em outubro de 2015Foto: AFP
Salah Abdeslam sempre se negou a falar ante os juízes. "Mas, em uma carta, sem data, integrada ao processo da instrução em 11 de outubro, se mostra pela primeira vez bastante loquaz", escreve o Liberation, que publica extensos trechos. "Eu te escrevo sem saber por onde começar, recebi o conjunto de suas cartas e não posso dizer se gosto ou não delas, o que é certo é que me permitem passar um pouco de tempo com o mundo exterior", afirma Abdeslam.
Com letra pequena e regular, ressalta o Liberation, Salah Abdeslam prossegue: "em primeiro lugar, não tenho medo de deixar algo escapar porque não me envergonho do que sou - além disso, que coisa pior poderiam dizer de mim além do que já disseram".
"Você é sincera, então também vou ser, se te pergunto sobre suas intenções era para garantir que não me ama como se fosse uma 'estrela ou um ídolo', porque recebo cartas assim e não aceito isso, já que o único que merece ser adorado é Alá, Senhor do universo", escreve.
Segundo o jornal, Abdeslam é destinatário de muitas correspondências e teria respondido apenas a esta mulher, cuja última carta foi enviada a partir do oeste da França. "Não busco nem me elevar em terra, nem cometer desordem, só quero a reforma, sou muçulmano, ou seja, submetido a Alá", acrescenta.
A carta foi confiscada no dia 11 de outubro, véspera do dia no qual os advogados do detido, Frank Berton e Sven Mary, anunciaram que renunciavam a defender Abdeslam devido ao silêncio de seu cliente, afirma o Liberation. Desde então, o único membro com vida dos comandos extremistas de 13 de novembro de 2015 enfrenta sozinho a justiça, já que não é exigida a presença de um advogado durante a instrução, embora deverá ter um, escolhido por ele ou de ofício, no futuro julgamento pelos atentados de Paris que deixaram 130 mortos.
Não se sabe o papel exato que este homem desempenhou nos atentados de 13 de novembro, nos quais 130 pessoas morreram e que foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Os investigadores suspeitam que era responsável pela logística dos ataques, que foram planejados a partir de Bruxelas.
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